Introdução
Pontes miocárdicas (PM) foram relatadas pela primeira vez em 1737 por Reyman, como artérias miocárdicas submersas transitórias. PM também foram mostradas em estudos anatômicos, fisiológicos, bioquímicos e de imagem.representam uma fonte de discussão em pesquisa.
PM têm origem embriológica, e não há diferença entre os gêneros em relação à sua incidência.
PM são geralmente consideradas uma variação vascular do coração devido à sua intermitente ou repetida redução do lúmen arterial, com um possível efeito isquêmico. Dor isquêmica pré-cordial necessita de um diagnóstico apropriado, devido ao número de patologias associadas à cardiomiopatia obstrutiva: aterosclerose, trombose, cardiomiopatia, bloqueio AV paroxístico, hipocinesia segmentar, arritmia cardíaca, taquicardia ventricular, espasmo coronariano, infarto agudo do miocárdio e/ou morte súbita cardíaca.
A isquemia do músculo cardíaco parece ocorrer durante o primeiro 1/3 da diástole, devido à prolongada recuperação do lúmen arterial coronariano após sua compressão sistólica (75%). Isso altera a velocidade do fluxo coronariano e fluxo de reserva, especialmente durante o aumento do ritmo cardíaco durante exercício e estresse emocional.
A variabilidade de incidência das PM depende do método de avaliação, gênero, raça e a natureza do estudo; dessa forma, um mínimo de 0,5-12% de angiografias revela a presença de PM, enquanto elas estão presentes em 5,4-85,7% dos cadáveres.
A PM geralmente se origina na artéria coronária esquerda (ACE), tronco e ramos, especialmente na artéria interventricular anterior (AIA) (12-63%), artéria circunflexa (ACx) (2,8%-6,7%) e seu ramo lateral (13%). Também são encontradas nas artérias diagonais (AD), artérias marginais (AM) e veias coronárias.
A ponte miocárdica (PM) é uma anomalia congênita das coronárias que acomete geralmente a artéria descendente anterior esquerda (DAE), em que um ou mais feixes de miocárdio cruzam ou envolvem um segmento de artéria coronária epicárdica, a qual atravessa a porção intramural do miocárdio, abaixo da ponte muscular. A PM constitui um dos principais diagnósticos diferenciais de doença arterial coronariana (DAC), podendo manifestar-se como angina de peito típica ou atípica e, mais raramente, infarto agudo do miocárdio (IAM) ou morte súbita.
Trata-se de uma patologia relativamente incomum na população geral, geralmente benigna, acometendo principalmente pacientes com baixo risco para DAC; entretanto, quando sintomáticas, manifestam-se na forma de angina instável ou estável, arritmias cardíacas (taquicardia ventricular e taquicardia supraventricular), IAM e morte súbita, sendo os dois últimos de ocorrência rara.
Foram analisados os resultados de 3.375 cineangiocoronariografias realizadas no período de 2003 a 2007, das quais 123 apresentaram o fenômeno de constrição sistólica da artéria DAE (Figura 1), com o diagnóstico de PM. A frequência de diagnósticos de ponte miocárdica em cineangiocoronariografias realizadas nesse período foi de 3,6%. A idade média dos pacientes foi de 56,8 anos (DP = 11,83; IC = 0,73). Todos os pacientes apresentaram o acometimento de somente uma artéria coronária, sendo que a artéria DAE foi acometida em 100% dos casos. Trinta e quatro pacientes (27,6%) apresentaram DAC acometendo em graus variados o segmento proximal da ponte. O acometimento da artéria DAE à cineangiocoronariografia foi graduado em grau 1 (< 49%), grau 2 (50-74%) e grau 3 (> 75%) (Tabela 1).
Após a seleção dos pacientes, 81 deles foram excluídos do estudo, sendo 68 por DAC (55,28%), 17 por miocardiopatia (13,82%) e 21 por valvulopatia (17,07%) associadas. Foram selecionados 42 pacientes para o estudo, dos quais um apresentou patologia neurológica que impossibilitava a realização da entrevista, e em 10 casos não foi possível realizar a entrevista, pois os dados disponíveis encontravam-se incompletos ou desatualizados, impossibilitando o contato com estes pacientes, resultando na análise e entrevista de 31 pacientes.
A idade média de início dos sintomas dos pacientes estudados foi de 45,9 anos (IC = 11,7; DP = 4,2), sendo que 50% dos pacientes levaram intervalo de tempo > um ano para realizar o diagnóstico de ponte miocárdica. Foi efetuada a análise do grau de estreitamento da artéria DAE (Tabela 2). Os sintomas dos pacientes foram graduados com auxílio da classificação proposta pela Sociedade Canadense de Cardiologia para graduação da angina de peito, antes e após a realização do tratamento.
De acordo com essa classificação, pacientes com grau 1 de estreitamento sistólico à cineangiocoronariografia possuem as classificações CCS-I (31,6%), II (31,6%) e III (31,6%). Pacientes com grau 2 de estreitamento classificam-se em I (11,1%), II (11,1%), III (66,7%) e IV (11,1%). Pacientes com grau 3 de estreitamento classificam-se em II (33,3%), III (33,3%) e IV (33,3%).
Um paciente foi excluído da análise dos sintomas por óbito ocasionado por morte súbita, o qual apresentava grau 1 de estreitamento sistólico da artéria descendente anterior. Dois pacientes realizaram angioplastia, apresentando grau 1 de estreitamento, classificando-se ambos em CCS-III e evoluindo para as classes I e II após o procedimento.
Com base nesses dados, conclui-se que não há correlação entre a classificação dos sintomas e o grau de estreitamento angiográfico obtido nos pacientes estudados. Porém, a intensidade dos sintomas depende, também, do número, da espessura, da localização e do comprimento das pontes miocárdicas, que variam de paciente para paciente, podendo variar em um mesmo paciente de um exame para outro.
Os eventos adversos relatados pelos pacientes foram: isquemia e síndrome coronariana aguda, IAM e morte súbita (Gráfico 1).
A idade média de início dos sintomas dos pacientes estudados foi de 45,9 anos (IC = 11,7; DP = 4,2), sendo que 50% dos pacientes levaram intervalo de tempo > um ano para realizar o diagnóstico de ponte miocárdica. Foi efetuada a análise do grau de estreitamento da artéria DAE (Tabela 2). Os sintomas dos pacientes foram graduados com auxílio da classificação proposta pela Sociedade Canadense de Cardiologia para graduação da angina de peito, antes e após a realização do tratamento.
De acordo com essa classificação, pacientes com grau 1 de estreitamento sistólico à cineangiocoronariografia possuem as classificações CCS-I (31,6%), II (31,6%) e III (31,6%). Pacientes com grau 2 de estreitamento classificam-se em I (11,1%), II (11,1%), III (66,7%) e IV (11,1%). Pacientes com grau 3 de estreitamento classificam-se em II (33,3%), III (33,3%) e IV (33,3%).
Um paciente foi excluído da análise dos sintomas por óbito ocasionado por morte súbita, o qual apresentava grau 1 de estreitamento sistólico da artéria descendente anterior. Dois pacientes realizaram angioplastia, apresentando grau 1 de estreitamento, classificando-se ambos em CCS-III e evoluindo para as classes I e II após o procedimento.
Com base nesses dados, conclui-se que não há correlação entre a classificação dos sintomas e o grau de estreitamento angiográfico obtido nos pacientes estudados. Porém, a intensidade dos sintomas depende, também, do número, da espessura, da localização e do comprimento das pontes miocárdicas, que variam de paciente para paciente, podendo variar em um mesmo paciente de um exame para outro.
Os eventos adversos relatados pelos pacientes foram: isquemia e síndrome coronariana aguda, IAM e morte súbita (Gráfico 1).
Conclusão
A ponte miocárdica acomete indivíduos com sintomas anginosos na ausência de fatores de risco ou evidências de isquemia, em que o início dos sintomas muitas vezes não se desenvolve antes da terceira década de vida. A maioria dos pacientes com ponte miocárdica tem um bom prognóstico, mas, em longo prazo, não há dados suficientes realizados em um grande grupo de pacientes sintomáticos que tenham um elevado grau de compressão sistólica e diastólica e evidências de isquemia para conclusões definitivas.